Luuanda

A exposição Luuanda, título respeitosamente “roubado” da obra literária homônima de Luandino Vieira de 1963, enfoca a experiência contemporânea de Luanda – seus personagens, ritmos, poesia, nostalgia e drama – seguindo uma construção imaginária tão explorada na literatura de Luandino, Uanhenga Xito ou Ondjaki, ao mesmo tempo em que se debruça sobre a sua dinâmica atual. Uma cidade pós-colonial marcada por fluxos migratórios e afetada por inúmeros processos de mudança, por vendedores ambulantes que oferecem todo tipo de produtos, expondo a seus clientes ao segmento vital da economia informal. Essas forças resultam em uma circulação de corpos e vidas que parecem ter sido esquecidas pelo processo de crescimento do país.

A cidade atual não respeita mais a lógica espacial colonial do asfalto versus musseque. Não só pela proximidade crescente dos bairros periféricos ao centro da cidade, mas também pelas ilhas dos musseques, que se encontram, contrastam, colidem e se complementam. Luanda é uma cidade permeável, em constante mudança e que incorpora vários elementos da língua, o seu colorido português misturado com kimbundo e umbundo e palavras adaptadas de línguas estrangeiras, aos sons do comércio informal, a música e a velocidade do Kuduro. Uma leitura visual dos corpos que se movem pelo espaço urbano e desenham novas cartografias sobre o tecido da cidade.

O trabalho desses artistas contemporâneos nos oferece momentos/leituras críticas dessa cidade em uma multiplicidade de linguagens, entre histórias reais e momentos ficcionais e uma reflexão sobre a cidade e suas formas de representação.

Ano: 2017
Artistas: Albano Cardoso, Angel Ihosvany, Cristiano Mangovo, Ery Claver, Januário Jano, Keyezua, Kiluanji Kia Henda, Pedro Pires e Orlando Sérgio
Co-curadoria com Suzana Sousa

Hangar – Centro de Investigação Artística, Lisboa