Panorama: Fantasmas Latentes

Qualquer conversa ou reflexão sobre a História da Arquitectura e do Urbanismo em Angola não pode iniciar sem que se reflicta sobre o projecto colonial e o seu impacto na formação das cidades Angolanas.
Por um lado, podemos afirmar de forma mais geral que qualquer cidade é fruto de uma articulação do tempo – passado, presente e futuro, e como tal um objecto de múltiplas identidades e experiências; por outro lado, esta interacção nem sempre acontece de forma pacífica.

A história das cidades em Angola é, como diz Isabel Castro Henriques “a expressão de um processo de domínio colonial, revelado na materialidade do espaço urbano e dos seus edifícios, assim como na organização social, permeável aos ritmos da história económica e política”. O processo de urbanização foi um dos princípios activos da política do Estado-Novo e permitiu e legitimou um processo de produção arquitectónica e urbanística que, no contexto Angolano, deu origem a obras que contêm em si uma linguagem estética particular, tropicalista, assente em princípios da arquitectura do movimento moderno, adaptados ao lugar, à geografia e ao clima locais.

Publicado na revista Contemporânea, edição Junho 2018