Path to the Stars

“Todas as dores podem ser suportadas se as colocarmos numa história e contarmos uma história sobre elas”
— Isak Dinesen

“Path to the Stars” reúne um novo conjunto de obras de Mónica de Miranda, artista cuja prática interdisciplinar investiga as convergências entre política, identidade, género, memória e lugar, bem como as complexidades da construção identitária dentro das suas próprias geografias de afeto. Este projeto multidisciplinar articula-se em torno de três eixos de investigação complementares: as continuidades e descontinuidades da história, traçando um paralelo entre as lutas de libertação em África e as lutas da diáspora; as lutas das mulheres ao longo da história; e uma reflexão sobre o Antropoceno.

A exposição constrói-se em torno de uma peça central, o filme Path to the Stars, filmado ao longo do rio Kwanza, o mais extenso de Angola e berço do reino do Ndongo. Através da vitalidade e força da mãe natureza, estabelece-se uma analogia entre o corpo e o território – o rio está intrinsecamente ligado à história do Atlântico, sendo o território o primeiro corpo a ser penetrado pelos colonizadores na busca de riquezas materiais. À medida que passado, presente e futuro convergem no Kwanza, a água emerge como matéria que une todos os seres, animados e inanimados, na partilha das consequências das suas ações, entrelaçando fluxos sociais, culturais, económicos e geofísicos.

Num momento em que a humanidade enfrenta múltiplos desafios, desde o agravamento das discriminações, passando pelas guerras, até às catástrofes ecológicas, Mónica de Miranda abre espaço para discussões significativas sobre o sentido de pertença. Na sua proposta mais ampla de revisão histórica, o projeto aponta para um lugar de transposição e reinvenção das identidades pessoais e culturais, criando uma oportunidade de partilha e procura de caminhos futuros através da reflexão criativa e da imaginação.